Comentários, reflexões, ideias--um excercício na língua portuguesa da escritora Mary Soderstrom
A Torre de Belém
Começamos com uma foto doa Torre de Belém, onde Vasco da Gama começou sua viajem para a Índia.... Sou escritora e tenho já onze livros publicados. Durante minhas pesquisas que fiz para meus três livros documentários, viajei muito - Brasil, Portugal (Açores e Lisboa), costa ocidental da Índia, costa oriental da África, etc - descobri o património português por todos os lugares. Um país pequeno que deixou tantas marcas por esse mundo afora! Queria partilhar minhas impressões e algumas anedotas com vocês.
O profesor Ryan Tucker Jones escreve em O Bulletin of Spanish and Portuguese Historical Studies:
"In this short book, Mary Soderstrom combines history, anecdote, travelogue, and autobiography to sail briskly through 500 years of Lusophone history. In ten chapters, she moves from the first Portuguese discoveries in the Atlantic to the current worldwide distribution of the Portuguese language. Along the way she considers places as widely separated as San Diego and Mozambique, as well as many other spots in between where the Portuguese settled. Such remarkable geographical breadth, paralleling, of course, the Portuguese’s own historical experience, constitutes one of the principal strengths of the book."
E
"Making Waves is an engaging, enjoyable read – take it with you on the plane to any place the Portuguese once sailed and you will receive a quick orientation into the continued vibrancy of the world-spanning culture they created."
Estrofes de Luís de Camões dedicadas a Inês de Castro
Passada esta tão próspera vitória, Tornado Afonso à Lusitana Terra, A se lograr da paz com tanta glória Quanta soube ganhar na dura guerra, O caso triste e dino da memória, Que do sepulcro os homens desenterra, Aconteceu da mísera e mesquinha Que despois de ser morta foi Rainha.
Tu, só tu, puro amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano Tuas aras banhar em sangue humano.
Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo o doce fruto, Naquele engano da alma, ledo e cego, Que a Fortuna não deixa durar muito; Nos saudosos campos do Mondego, De teus fermosos olhos nunca enxuto, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome que no peito escrito tinhas.
De teu príncipe ali te respondiam As lembranças que na alma lhe moravam, Que sempre ante seus olhos te traziam, Quando dos teus fermosos se apartavam; De noite, em doces sonhos que mentiam, De dia, em pensamentos que voavam, E quanto enfim cuidava e quanto via Eram tudo memórias de alegria.
De outras belas senhoras e princesas Os desejados tálamos enjeita, Que tudo enfim, tu, puro amor, desprezas, Quando um gesto suave te sujeita. Vendo estas namoradas estranhezas, O velho pai sisudo, que respeita O murmurar do povo e a fantasia Do filho que casar-se não queria,
Tirar Inês ao mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preso, Crendo co¹o sangue só da morte indigna Matar do firme amor o fogo aceso. Que furor consentiu que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do furor mauro, fosse alevantada Contra ua dama delicada?
Traziam-na os horríficos algozes Ante o Rei, já movido a piedade; Mas o povo, com falsas e ferozes Razões, à morte crua o persuade. Ela, com tristes e piedosas vozes, Saídas só da mágoa e saudade Do seu Príncipe e filhos, que deixava, Que mais que a própria morte a magoava,